Era uma vez um Sonho a dois…
Uma causa comum capaz de mover todas as partículas deste Mundo. Dois sorrisos que se uniam num só amanhecer, sob o véu púrpura do crepúsculo. Com os seu pés de ouro, a luz invadia o quarto lentamente, iluminando dois corpos semi nús a repousar sobre o leito. Era possível sentir-lhes a respiração. Palavras eram proibidas, apenas a dança silenciosa entre duas Almas se concretizava naquele momento. Era pura magia. O relógio de parede calava as horas. E os dois cúmplices promoviam a sua liberdade através dos seus mais secretos instintos.. através da linguagem muda da intuição carnal. Dois foras-da-lei conspirando por mais paixão.. por mais amor.. por mais. Felizes negligentes. Só eles sabiam o que faziam com a arte e o talento que a Vida lhes concedera. Corpo a corpo. Sem medos.. sem receios.. numa entrega total e cega, confiando um no outro em cada segundo.. em cada suspiro.. em cada doce gemido. O Amor era deles. Quem se atravesse a dizer o contrário era tolo. O dia caminhava por entre o tempo na sua velocidade habitual, cumprimentando as horas ao passar, deixando-lhes um sorriso cúmplice, apenas. Exaustos, contemplando-se deliciosamente, sorriam da sua doce loucura; como dois filhos da madrugada que se perdem conscientemente sempre que lhes convém. Ele afastou a madeixa que lhe cobria os olhos, permitindo que estes lhe brilhassem como nunca e sorriu-lhe. Ela limitou-se a beber-lhe a sinceridade do olhar.
– Será sempre assim?
– Não sei..
– Tenho medo sabes.
– Medo de quê?
– De nos perdermos de nós, de deixarmos fugir esta nossa cumplicidade, este nosso tesouro.
– Não tenhas medo..
– Tu não tens?
O silêncio dele deu-lhe a resposta que ela procurava. Eram demasiado genuínos os olhos do homem da sua Vida. Jamais lhe haviam recusado a verdade. Sim! Ele também tinha medo; mas, medo algum é capaz de ofuscar os raios dourados do Destino. E os dois cúmplices voltaram a unir os seus corpos em mais uma dança pautada pela harmonia da irresistível delinquência do Amor.
Porque amar é isso mesmo: atravessar a ponte sobre o abismo de mãos dadas, confiando um no outro, rumo ao desconhecido.
O que está do outro lado da ponte?
Que tal ires descobrir.
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